Ela caminha pensativa sobre quem havia se tornado, estava alienada de desejos da alma, o pé enraizado não deixava com que ela fosse levada. Sentia falta do vento no rosto. Contavam-lhe histórias sem pé nem cabeça e muitas coisas que ela gostaria de ter vivido, dançava com a intensidade de criança mas por dentro sentia as pernas cansadas. Chorava ao acordar pela manhã. Não via o copo meio cheio nem meio vazio, simplesmente queria que fosse pro inferno toda ladainha, metade cheia ou vazia! Queria amor de verdade, trabalho que desse tesão, tesão que acabasse na cama de conchinha. Queria cerveja gelada com bolo de chocolate - gosto é gosto, ela particularmente gostava do desgosto - o pé na areia a cada quinze dias e fazer quantas tatuagens tivesse vontade. Tinha vontade de respirar vida, mas a fumaça do malboro light atrapalhava. Tinha vontade de parar de fumar mas o vício era necessário para a pouca convivência social que tinha. Queria preencher mais o espaço dentro dela mesma, se sentia pequena dentro de si. Mas já estava atrasada, passou a mão nos fones brancos de ouvido e saiu com os cabelos ainda molhados do banho da segunda feira mais fria do ano.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
me identifiquei. menos pelo cigarro e pela cerveja com bolo de chocolate (gosto é gosto). mais pelos choros matinais e pela sensação de "impertencer".
segunda fria essa.
Postar um comentário