quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O Domingo Mais Frio do Ano

O que lhe atraia era mesmo a conquista, depois do esforço a calmaria sufocava qualquer momento, o prazer vinha através de olhos magoados e sentimentos que duravam a ir embora - se sentia completo - brincava com um jogo perigoso, mas sempre para os outros.


Mantinha a distância, se escondia atrás de todas as paredes que podia - se sentia segura - não queria mais aquilo de se sentir vazia, já tinha o que lhe preenchia. E era questão de tempo para que tivesse de novo.


Não valia um centavo, mas era de se apaixonar - sabia - e mantinha o passo, a valsa parecia um samba, e de rock'n roll só tinha as drogas, era uma overdose por dia, uma morte por dia. A falta era daquelas que preenchia.


Não ligava pra ninguém mais, mas era de ser importante - sabia - e mantinha o sorriso, que por fora era de uma falsa beleza que se escondia toda na parte de dentro, e ameaçava a vida de todos que pudessem vê-lo. A ameaça era daquelas que salvava.


E se faziam bem, até agora - não mais o meio do banco estava preenchido - olhavam, separados por um mundo de coisas, o por do sol de verão, no domingo mais frio do ano.